Em um filme que reapresenta velhos valores, ainda não explorados no universo cinematográfico da DC Comics, Mulher Maravilha encanta com sua plasticidade e otimismo para contar a história de origem de, uma das, heroína mais importantes dos quadrinhos.
Mesmo com o peso de ser a primeira grande produção a colocar uma mulher no papel principal de herói, a fluides alcançada por Patty Jankins, diretora do longa, deixa tudo muito suave fazendo apenas uma frase passar pela cabeça do espectador: “Por que não fizeram isso antes?“. E é bem por aí mesmo. Ainda assim o filme não mergulha no discurso de igualdade, deixando isso apenas em alguns comentários assertivos, com uma pegada de humor, quase como um deboche. Mais um ponto para o filme, que mesmo sabendo do abismo que existe entre os sexos, prefere tratar o assunto através dos inocentes olhos de Diana (Gal Gadot), que expõe a verdade de forma pura e sincera, doa a quem doer.
No longa acompanhamos desde a infância de Diana, até sua primeira incursão no desconhecido “Mundo dos Homens”. O filme explora com clareza o tipo de vida que as Amazonas levam em Temiscera, a Ilha Paraíso, desde o principio deixando claro o por que da criação das guerreiras e até o que as levou ao afastamento do mundo exterior. Todo o primeiro ato do longa é dedicado a explorar a relação entre Diana, sempre destemida e pronta para ser uma heroína, sua mãe, a Rainha Hipólita (Connie Nielsen), cautelosa com o que o futuro pode reservar para sua filha e a General Antiope (Robin Wright), responsável por seu treinamento. É apenas com a chegada de Steve Trevor (Chris Pine), que a princesa abraçar de vez o legado das guerreiras e segue para a batalha. Uma vez no mundo exterior, o filme ganha uma nova conotação.
Pouco explorado até então nas produções anteriores, um ar de otimismo e heroísmo toma conta da tela do cinema, colocando os expectadores na pontinha da cadeira enquanto as cenas se desenvolvem.
Em toda sua saga, Diana passa por núcleos, que tecnicamente funcionam muito bem com o filme, mostrando que a escolha do elenco é parte fundamental do sucesso alcançado pelo longa, valem destaques para Robin Wright, que mesmo com pouco tempo de tela entrega mais do que o necessário para desenvolver sua personagem e Said Taghmaoui, cujo papel também é fundamental para que Diana entenda melhor nosso mundo e os seres humanos. Já a dupla principal, Gal Gadot e Chris Pine, mostram que foram as escolhas certas para o papel, no caso da Godot, é nítido sua evolução na pele da Mulher Maravilha. Aqui o longa exigia uma heroína inocente, ainda conhecendo a bondade e os males que a humanidade é capaz de cometer, Gal não apenas vai muito bem nessa pegada, como nos deixa curiosos para saber como sua personagem estará em Liga da Justiça. Pine, por sua vez, consegue entregar seu lado mais “ser humano” possível. Deixando claro que o personagem não é perfeito, Steve Trevor é o simbolo do herói de guerra que conhecemos. A dinâmica entre a dupla funciona bem e nos faz pensar como seria se Pine, não tivesse aceitado o papel.
Como de praxe, graficamente o filme é lindo. A leve fuga da fotografia carregada de Zack Snyder, da um respiro maior para as cenas de ação, que mantem mesma qualidade plastica dos outros filmes. Nota-se uma unidade entre O Homem de Aço, Batman Vs Superman e Mulher Maravilha, com o adendo que este último tem um tom mais autoral de Jankins, que mescla com maestria seu estilo mais livre, ao que já foi estabelecido anteriormente.
E meio a tantos acertos, se é que da para procurar algum defeito no longa, seria alguns equívocos na edição final, alguns problemas de continuidade podem deixar fãs mais perspicazes não tão imergidos assim. Nada que comprometa o andamento do filme, erros até perdoáveis tendo em vista a qualidade final da produção.
No fim de tudo é um gigantesco alívio saber que Mulher Maravilha é realmente o filme que os fãs da DC Comics mereciam. Uma história forte, com uma personagem forte, resgatando tudo o que ser um herói realmente significa. Um raio de esperança para os mais desacreditados que ficaram com o gosto amargo da última produção do estúdio. Fica a esperança de que com o sucesso de Mulher Maravilha, a Warner siga a formula para as vindouras produções.
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